Factos
Muitos ainda recordam as inúmeras campanhas nas décadas de 70 e 80 contra a matança das focas bebés à paulada, mas apenas poucos percebem que o número de focas a serem mortas cresce a cada ano que passa. Em 2002, durante a época de caça oficial, foram assassinadas mais de 300.000 espécimes.

O Governo Canadiano parece ter declarado guerra a estes animais, e nos próximos 3 anos prevê-se que cerca de 1 milhão de focas sejam brutalmente mortas. Este número leva-nos a crer que estamos perante a maior e mais devastadora caça que alguma vez a história testemunhou.

O Governo Canadiano está a servir-se destes animais, numa tentativa descarada de os tornar seus bodes expiatórios, de forma a proteger o seu comércio de pesca. A verdadeira razão para o défice das populações que vivem do comércio do peixe tem mais a ver com o aumento populacional destas, daí ser eticamente errado servir-se da caça às focas para que lhes sejam pagos os subsídios governamentais.

Na verdade, reduzir o número destes animais pode empecer a indústria da pesca do bacalhau, uma vez que as focas bebés atacam as espécies que, por sua vez, atacam o bacalhau. A situação não é tão simples, quanto o governo canadense quer fazer parecer, e as focas estão a ser usadas por conveniência política de funcionários pouco visionários.

O Governo Canadiano aumentou o número de focas a serem legalmente abatidas nos próximos dois anos para 350.000, e 275.000 no seguinte. Acreditamos que este número não pode ser justificado por estudos científicos, como nos querem fazer crer, e não toma em consideração as mudanças climatéricas que têm efeito na qualidade de vida dos focídeos.

No decorrer dos últimos anos, devido a um aumento nas temperaturas sazonais, o gelo no golfo de St. Lawrence e na Terra Nova (as principais áreas de caça) tem derretido antes do previsto. Ora, isto é extremamente importante para os focídeos, pois as focas bebés passam várias semanas no gelo depois de nascerem. Se o gelo derreter, elas vão afogar-se, pois com várias semanas são ainda incapazes de nadar. No ano transacto, este problema foi de tal modo grave, que muitos bebés desta espécie desapareceram. As previsões meteorológicas prevêem que o mesmo irá acontecer este ano!

A situação é tão séria, que não podemos simplesmente recostar-nos e assistir o Governo Canadiano a cometer crimes horrendos contra a Natureza.

Vídeo 1
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Help the Harp Seals
[Help the Harp Seals]

A história
Em 1983 a União Europeia baniu a importação de produtos oriundos da caça às focas bebés. Consequentemente, em 1987, a “Royal Canadian Comission” recomendou a proibição da matança destes focídeos. Em 1993 as “Marine Mammal Regulations” canadianas (leis que regulam a vida dos mamíferos marinhos) reformaram esta norma, proibindo o comércio de peles brancas ou de peles dos progénitos da raça “blueback” (conhecidas por apresentaram uma mancha azulada no lombo). Mas na realidade estas medidas só alteraram um pouco a situação.

Isto significa que agora uma foca nórdica pode ser legalmente morta assim que comece a perder a sua pele branca, o que sucede aproximadamente ao 10º / 12º dia após o seu nascimento, enquanto as de raça “blueback” são assassinadas por volta dos 15 / 16 meses, quando a sua mancha azulada começa a desvanecer.

Sendo que os produtos desta caça não estão totalmente proibidos pela lei de interdição de comércio da União Europeia, vários estilistas deste continente continuam a usar a pele de foca na confecção das suas colecções. Para além disso até a carne e o óleo de foca são importados para a Europa.

A caça às focas tem sido objecto de uma rigorosa gestão desde os anos 70, mas o número de animais a serem abatidos anualmente é unicamente justificado pelas exigências de mercado, e nunca por evidências científicas. Por isso mesmo, a meados dos anos 90, a matança aumentou consideravelmente, uma vez que os subsídios do governo aos caçadores os encorajava a matar ainda mais focas.

A morte destes animais que contam apenas alguns dias de vida é, em si, ofensiva, mas se pensarmos no modo como são caçados, o cenário torna-se ainda mais aterrorizador. Ainda no início da época oficial da caça, que começou no passado dia 15 de Março, muitas focas nórdicas estavam a ser mortas à paulada ou picadas com um gancho. Na altura do degelo elas irão ser abatidas a tiro de carabina.

Mas porque a caça às focas é perpetrada por caçadores em traineiras, ou em barcos em movimento, estas focas são mortas (ou fatalmente lesadas), mas nem todas são levadas para exploração, ficando a agoniar até à morte.

O número de focas brutalmente mortas por ano é calculado pelas transacções comerciais, o que nos leva a considerar que o número real é bastante maior. Aliás, no passado, o número legal de focas a serem abatidas foi largamente ultrapassado, e os oficiais responsáveis pela regulamentação desta caça preferiram “fechar os olhos”, ao invés de censurar ou até condenar os caçadores.

O Governo do Canadá afirma que a caça comercial às focas é levada a cabo segundo princípios de sensibilidade humana e bem regulamentada, mas veterinários independentes discordam. Em 2001 uma equipa observou o trabalho dos caçadores, e analisou as carcaças deixadas no gelo. Concluíram então que 79% destes predadores nem sequer verificavam se o animal estava realmente morto aquando do seu esfolamento. Em 40% dos casos, o animal teve de ser alvejado ou batido uma segunda vez, e espantosamente, 42% destes focídeos estavam conscientes quando esfolados. Apesar destas informações terem chegado ao Governo Canadiano, nenhuma prossecução teve resultado.

Entretanto, outros dados vão indignando o resto do mundo, uma vez que todos os produtos derivados da caça às focas têm mais a ver com luxo, do que com necessidade. Na verdade, muitas carcaças são deixadas para trás durante a caça, revelando que o que importa não é a carne destes animais, mas as suas peles, para que sejam vendidas à indústria da moda.

Efectivamente, desde há muito tempo, os oficiais do governo canadense tentam estudar novos proveitos para fundamentar esta caça, mas a única parte destes animais que pode ser economicamente profícua é a sua pele. Uma pele que serve apenas a fútil indústria da moda, para que terceiros se possam adornar com uma beleza que não é a sua!


Vídeo 2
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Seals on thin Ice
[Seals on thin Ice]


A importância do boicote
O Canadá está a dar pouca importância à oposição internacional e mostra desprezo pela opinião mundial, que de um modo generalizado objecta a caça às focas, e, sem qualquer pudor, as entidades governamentais daquele país continuam a promover a mais cruel perseguição animal de toda a história.

É tempo para todos mostrarmos que não toleraremos estes excessos. O Canadá está descaradamente a vetar uma lei Europeia que visa parar com esta terrível matança, e é agora altura de nos insurgirmos contra esta verdadeira atrocidade.

Se compararmos a fonte de rendimentos entre o turismo proveniente do Reino Unido, por exemplo (cerca de 1 bilião de dólares canadianos por ano), e os lucros que o Canadá obtém da caça aos focídeos (aproximadamente apenas 6 milhões de dólares), percebemos que, de facto, esta indústria não é assim tão significativa na economia canadense.

Aliás, tomando os custos dos subsídios em consideração, uma vez que esta caça é fortemente subsidiada pelo Governo Canadiano, o lucro desta indústria é somente de 3 milhões de dólares canadianos.

Manter-se longe do Canadá é o único modo de garantir que o nosso dinheiro não está a ser usado para fazer face aos custos dos subsídios para a matança das focas, e vai chamar a atenção daquele Governo, quando este perceber que o seu turismo e comércios estão em declínio.

O slogan da Comissão de Turismo do Canadá é “Discover our true Nature”, que numa tradução aproximada seria “Descubra a nossa verdadeira Natureza” – sendo que a sua verdadeira natureza envolve espancar focas bebés até à morte ou esfolá-las enquanto estão ainda vivas, este slogan acaba por não estar muito adequado.

A “Humane Society” (E.U.A.) tem estado a acompanhar esta grave mortandade desde o primeiro dia, e são inúmeros os vídeos e relatos que colocam a descoberto o modo atroz como tudo acontece, por isso não estar devidamente informado é, só por si, estar cúmplice deste grotesco genocídio.


Vídeo 3
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Days before the Slaughter
[Days before the Slaughter]

Tomadas de posição
Quanto tempo mais vamos querer ignorar tamanha crueldade em nome dos benefícios comerciais?

As imagens que reportam o modo grotesco como esta caça é praticada têm corrido todo o mundo, e não deixam ninguém indiferente. Vários cidadãos dos vários continentes insurgem-se em manifestações e clamam ao Governo Canadiano que pare com esta perseguição hedionda de uma vez por todas.

Aliás, os movimentos têm sido tão fortes, que vários políticos norte-americanos, ingleses e de muitas outras nacionalidades têm exercido pressão sobre o governo canadense para que tome uma posição digna e ética, parando com a perseguição àqueles animais.

O Senado Mexicano tomou até uma considerável medida, exigindo ao seu Ministro da Economia que interdite a importação de qualquer produto derivado de focas oriundo do Canadá. Esta é uma decisão esmerada e estratégica, uma vez que o México é um aliado do Canadá no Acordo de Comércio Livre norte-americano.

Numa outra tentativa de demover o Governo Canadiano, a HSUS e outras associações que fazem parte da rede de protecção dos focídeos estão a pedir aos consumidores de vários pontos do globo que boicotem diversos produtos canadianos, principalmente o marisco, por forma a garantir que o dinheiro usado na sua compra não seja encaminhado para os subsídios que estão a ser pagos aos caçadores para continuarem a matar brutalmente as focas bebés.

Para além de todas estas medidas governamentais, vários foram os intelectuais que se reuniram e escreveram ao Primeiro-ministro Canadiano, Paul Martin, tentando dissuadi-lo a parar com a caça.

Os nossos valores humanos são julgados pelo modo como tratamos os que estão vulneráveis a nós. E quem mais vulnerável, senão uma pequena cria, que conta apenas alguns dias, deixada ao abandono e ao triste fado de uma morte indescritivelmente desumana?

Não há qualquer desculpa que justifique não se tomar uma posição governamental que evidencie a nossa indignação.


Redigido por Ana Raquel Pinho
© 2006

Equipa: P’los Animais.

Para mais informações, contacte p.f. via e-mail.

Agradecimentos: Miguel Moutinho [Director Executivo da ANIMAL]